053ª
SESSÃO ORDINÁRIA – 11JUN2012
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
A Sra. Julia Rosa da Silveira, representando o
Sindicato dos Terapeutas do Estado do Rio Grande do Sul, está com a palavra,
pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo à
implantação do Programa de Terapias Naturais.
A
SRA. JULIA ROSA DA SILVEIRA: Sr.
Presidente, Digníssimo Ver. Márcio Bins Ely, demais Vereadores do plenário,
terapeutas e demais presentes, há muito tempo atrás – e eu não diria quanto –,
no Interior do Rio Grande do Sul, muito no Interior, eu nasci. Eu lembro que minha mãe tinha apenas 18 anos e
estava só com minha avó; minha avó não entendia nada de parto, mas lhe dava
coragem. Meu tio saiu a cavalo, rapidamente, procurando o meu pai, que buscaria
a parteira. Parteira que atendia num raio de mais ou menos 40, 50 quilômetros
quadrados, ela era a única que entendia de atendimento a parto. Muito solidária
que fui, esperei até a madrugada, quando chegou a parteira, e eu nasci. Nasci
garbosa e faceira e hoje estou aqui, inteiraça. Muito depois, quando fazia
pós-graduação em Terapia Transpessoal, na Unipaz, pude fazer uma coisa chamada
Renascimento, que, tenho certeza, muita gente conhece e sabe que há
possibilidade de, numa terapia de Renascimento, uma pessoa retornar o momento do
parto e
ver tudo o que lá aconteceu. Tive esse privilégio, e tive também o privilégio de
perceber que, realmente, eu nasci garbosa e faceira. Naquelas condições, nasci
bem. Por quê? - eu perguntei. Eu percebi, porque fui até lá, e tive esse
privilégio de perceber, com o espírito maduro, depois de adulta, o que aconteceu
no meu nascimento, como foi. E aí eu pergunto: será que nasci bem, graças a
muita tecnologia? O que aconteceu lá? Tinham muitas mulheres corajosas? Foi
graças a essas mulheres corajosas que eu nasci bem? Sim, graças a essas mulheres
corajosas, mas também graças à perícia de uma grande parteira. E aí eu pergunto:
o que tinha aquela mulher de diferente? Dom? intuição? conexão? Só sei que foi
um excelente trabalho, e um trabalho, acima de tudo, extremamente amoroso. O que
me trouxe ao mundo - com saúde, e muito bem - foi a perícia dessa parteira e
muito amor que cercava o ambiente. Gratidão a todas àquelas mulheres, e,
gratidão, também, aos homens que lá estavam.
Lembro-me que isso tudo me veio à cabeça, quando me
preparava para falar com vocês - comecei a lembrar o que é terapia natural, o
que poderia ser terapia natural e de que forma, mais clara, eu poderia
esclarecer o nascedouro da terapia natural.
Lembro ainda que, quando eu tinha lá pelos 5 ou 6
anos, minha mãe teve um problema no braço e ela se queixava muito, eram umas
feridinhas que ficavam purulentas. Ela não sabia a quem recorrer, ninguém tinha
respostas. Nós éramos sete filhos; eu, a segunda, de cima para baixo, e nós
estavamos morrendo de medo, porque a minha mãe nos dizia “eu sei que eu vou
perder o braço”, e nós já a imaginávamos mexendo uma panela de polenta com um
braço só. Então uma vizinha chegou para ela e disse: “Porque tu não chamas a
fulana?“ A fulana era uma benzedeira famosa do local, e a fulana, dali a um dia,
estava ali. Ela pegou uns galhinhos de ervas e benzeu; no outro dia já estava
secando o problema do braço da minha mãe - eu vi, eu assisti. Dali a três dias
ela retornou e fez uma nova benzedura, e numa semana não tinha mais nada no
braço da minha mãe. Eu disse: “Nossa! Tranquilo, minha mãe não perdeu o
braço”.
Eu queria dizer que assim como essa pessoa, como
essas terapeutas, muitas existem ao redor do mundo, muita gente trabalhando de
forma absolutamente natural, embora precária, e muita gente necessitando deste
tipo de atendimento, onde a tecnologia não chegou, e também em muitos lugares
onde a tecnologia já chegou.
Mas o mundo se desenvolve, as técnicas terapêuticas
evoluem e começam a aparecer as espertezas: bruxas fantasiadas de terapeutas;
lojinhas esotéricas disfarçadas de escolas de terapia; e até comerciantes
disfarçados de sindicatos – nacionais, às vezes! É exatamente, por isso, Srs.
Vereadores, que nós precisamos de leis: leis que valorizem o terapeuta que está
trabalhando com ética e competência;
leis que facultem buscar aquelas pessoas que têm o seu dom, como aquela
parteira, aquela benzedeira e possam ser conduzidas para as escolas de formação,
para que elas desenvolvam o seu dom, com técnicas explicáveis também à luz da
Ciência, pois hoje existe Ciência que explica o nosso trabalho; leis que deem
respaldo para aquelas organizações de classe que organizam a categoria e
fiscalizam os exageros, tanto do ponto de vista do atendimento terapêutico como
da formação do terapeuta.
Queria esclarecer que as terapias naturais têm seu
fundamento na observação do ser humano em sua totalidade, considerando a
dimensão física e mental, sim, mas, sobretudo, a dimensão social e espiritual. O
terapeuta natural entende que o ser humano tem que viver bem a sua vida,
conectado consigo e com a natureza, pois
entende que é exatamente na desconexão que ele adoece.
As terapias naturais não trabalham diretamente com os
órgãos do sistema do corpo, mas, sim, com a energia vital desses órgãos, suas
variações e suas manifestações. Seus métodos não são evasivos, pois, enquanto o
médico trabalha a dor, o terapeuta trata
dos estados de desarmonia energética que levaram àquela dor, cada um com seus
métodos e suas ferramentas bem diferenciadas, embora, muitas vezes, o cliente
possa ser o mesmo, pois na verdade todos precisamos de todos.
As terapias naturais há muito tempo, são reconhecidas
pela Organização Mundial de Saúde, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, pelo
Ministério da Saúde. Hoje, nós temos Projeto de Lei Federal, já com parecer
favorável do Relator na Câmara Federal. Temos muitos Estados como São Paulo,
Mato Grosso, Rio de Janeiro, Sergipe, João Pessoa, que já têm a suas leis que
implantam as terapias naturais e muitos Municípios, até alguns muito pequenos no
Interior de Santa Catarina, já têm leis implantando as terapias naturais para o
atendimento da sua população.
Há pouco ainda, falei que todos precisamos de todos.
Queria acrescentar que a separatividade não nos leva a lugar nenhum, é uma
tremenda ilusão. O que precisamos é de uma ética que nos permita viver em
harmonia e que faça seu movimento sempre em direção à totalidade. É só
desenvolvendo a nossa consciência unitiva que chegaremos ao estágio da
maturidade, tão necessária nos dias de hoje. A dúvida e o conflito entre
categorias profissionais são saudáveis em regimes democráticos, desde que
acompanhados do diálogo, do respeito às diferenças e do amoroso desejo de
agregar.
Queremos uma lei que sacramente essa ética, uma ética
fluida e que contemple a criatividade e a liberdade com responsabilidade para os
terapeutas.
Que Deus ilumine a cabeça de cada um dos
Parlamentares que constituem esta Casa Legislativa no momento de decidir pelo
sim quanto ao nosso Projeto. Muito obrigada pela
oportunidade.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher):
Convido a Sra. Julia Rosa da Silveira, Presidente do Sinter/Rs, para sentar-se
conosco à Mesa, para que as Bancadas possam fazer suas
manifestações.
O Vereador Carlos Todeschini está com a palavra, nos
teremos do art. 206 do Regimento.
O
SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Mauro Zacher; Sra. Julia Rosa da Silveira, Presidente do
Sindicato dos Terapeutas do Estado do Rio Grande do Sul, aqui falo em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, dos Vereadores Adeli Sell, Sofia Cavedon,
Maria Celeste, Mauro Pinheiro, Engenheiro Comassetto. Quero dizer que este é um
assunto que não é novo, mas que vem aqui e passa a ser discutido e
reconhecido.
Temos feito, particularmente, um trabalho junto com a
Professora Elma Sant’Ana, que tem resgatado essa matéria e inclusive é autora de
um livro intitulado Benzedeiras e Benzeduras, entre outros. Estaremos promovendo
uma oficina nos próximos dias, e essa oficina vai remeter para um grande
encontro, resgatando, como muito bem abordou a senhora aqui, todo o papel das
parteiras, que fizeram parte da história deste Estado e deste País, que têm
reconhecimento por lei, como em alguns Municípios do Paraná, e que têm
reconhecimento pelo SUS em todo o Nordeste e em todo o Norte do País, em que
ainda exercem um papel grandioso; assim como os benzedeiros e as benzedeiras,
que fazem um trabalho de cura, de amparo, de apoio natural como dom divino.
Então, esse é um trabalho que, sim, tem que ser
reconhecido, que tem que ser consagrado, porque isso faz parte da história de
muitas e muitas pessoas. Muitos aqui nasceram de parteira. O Vereador Tarciso
está dizendo que foi um, o Ferronato estava dizendo que foi outro, aqui há
inúmeros exemplos. No Rio Grande do Sul, nas gerações dos que têm mais de 50
anos, praticamente a maioria nasceu de parteira. Então, estamos fazendo um
trabalho que pretende, com o apoio do Ministério e de programa de Igualdade de
Gênero, com a Secretaria das Mulheres do Rio Grande do Sul e todas as entidades
afins, inclusive o CTG, resgatar toda essa bela história, porque essas pessoas
são verdadeiras heroínas e verdadeiros heróis de solidariedade ao povo gaúcho,
ao povo brasileiro. Cumprimentos, e conte com o nosso apoio.
Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado,
Vereador Todeschini.
O Vereador Airto Ferronato está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. AIRTO FERRONATO: Caro
Presidente, Ver. Mauro Zacher; Sra. Julia Rosa da Silveira, falo em meu nome, em
nome do meu Partido, o PSB. Quero dizer da importância da sua presença na tarde
de hoje, ao trazer ao presente a lembrança da figura da parteira. Todos da nossa
idade sentimos essa presença marcante em nossas vidas; é a parteira, é a
benzedeira e uma série de outras ilustres pessoas que dedicaram suas vidas a
fazer o bem. Por isso, nós estamos aproveitando esta oportunidade para trazer um
abraço, cumprimentar a senhora e o seu Sindicato e dizer que vamos estar juntos
no Projeto, porque é importante uma reverência a essas figuras ilustres que
tanto queremos bem. Um abraço, obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado,
Vereador Ferronato.
O Vereadpr Tarciso Flecha Negra está com a palavra,
nos termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. TARCISO FLECHA NEGRA: Sr.
Presidente, Ver. Mauro Zacher; Sra. Presidente, Julia Rosa da Silveira, eu
fiquei aqui em pé, ouvindo a sua fala, para dizer que lá em casa foram nove.
Eram parteiras, sei o nome delas, a gente chamava de mãe também, era a Nilda,
uma negrona. Era uma cidade muito pequena, não tinha nem posto de saúde, essa
era a verdade, e ali nasceram nove. Hoje estamos espalhados pelo mundo,
maravilhosamente bem. Então, quero aqui cumprimentá-la em nome do meu Partido, o
PSD, da nossa Bancada, dos Vereadores Tessaro, Bernardino Vendruscolo. E eu, que
vi e sei como é importante, estou aqui dando meu apoio e a parabenizando pelo
seu Projeto.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): Obrigado,
Vereador Tarciso.
O Vereador Márcio Bins Ely está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O
SR. MÁRCIO BINS ELY: Presidente
Julia Rosa, quero cumprimentá-la e a Diretoria do Sindicato e demais autoridades
que a acompanham na tarde de hoje; falo em nome do PDT, do meu Partido, mas
também em nome do PP, autorizado pelo seu Líder, Ver. João Dib, que também é o
nosso Líder do Governo. Quero trazer também aqui o nosso abraço, o nosso
reconhecimento, agradecer a disposição do Sindicato dos Terapeutas do Rio Grande
do Sul – Sinter-RS em utilizar a tribuna para dar aqui o seu recado. Quero dizer
que nós estamos empenhados na construção do resgate àquele Projeto do saudoso
Ver. Ervino Besson, que hoje se encontra no oriente eterno. Nós estamos
trabalhando pelo desarquivamento, ou no indicativo da construção de uma nova
legislação para dar amparo. Referendando a fala dos Vereadores e das Bancadas
que me antecederam, cumprimentando pela brilhante manifestação, reverenciando
aqui as parteiras, enfim, todo o trabalho que vocês têm feito. Tivemos a
oportunidade de nos conhecer no encontro holístico do Deputado Cherini e hoje
estamos aqui dando mais um passo em favor do Sindicato dos Terapeutas e de todos
aqueles que, de uma forma ou de outra, se sensibilizam e participam desse
movimento. Cumprimentos, um abraço fraterno, e aqui reitero o nosso compromisso
em apoiar a caminhada e a bandeira que vocês têm levantado pelo Rio Grande, pelo
Brasil afora. Parabéns e muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher): A
Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento,
pela oposição.
A
SRA. SOFIA CAVEDON: Obrigada,
Presidente. Nós queremos cumprimentar o seu movimento, o movimento do Sindicato,
e quero acrescentar às palavras do Ver. Todeschini, em nome da oposição, do Ver.
Airto, que também já falou, como é importante essa organização, que eu nem sabia
que existia, de um sindicato de terapeutas. Acho que tu alertaste bem, pois
existem muitas práticas que não têm um respaldo e que às vezes iludem as pessoas
nos desesperos; enfrentando “n” problemas, acabam acessando e sendo ludibriadas.
Então, eu queria parabenizar pela organização dos terapeutas, até para terminar
– separando o joio do trigo – com a marginalização que existe, com uma
discriminação que exatamente prolifera e que subsiste quando não há uma
organização de classe, uma comunicação, uma nitidez do trabalho. E nós sabemos
que não tem mais saída, e os médicos, a medicina, de forma geral, tem que
incorporar conhecimentos da terapia, da integração com a natureza, da
reintegração do ser humano consigo mesmo. Parabéns e que, com muita força, o
Sindicato possa, de fato, estar comunicando, aglutinando e organizando um
respaldo maior para a população acessar esse serviço tão importante. Contem com
a Bancada de oposição!
(Esta vereadora é médica da Comissão de
saúde)
O
SR. PRESIDENTE (Mauro Zacher):
Obrigado, Vereadora Sofia. Não havendo mais manifestações, eu suspendo os
trabalhos para as despedidas, saudando, mais uma vez, a presença do Sinter-RS -
Sindicato dos Terapeutas do Estado do Rio Grande do Sul, que veio falar sobre o Projeto de implantação
do Programa de Terapias Naturais, com a presença da Sra. Julia Rosa da
Silveira.
Muito obrigado.
Em nome da FENATE e do SINTER/RS eu agradeço a acolhida e o apoio dos Vereadores:
Marcio Bins Ely ( Autor do Projeto de Lei), Mauro Zacher, Carlos Todeschini, Airto Ferronato, João Dib, Tarcisio Flexa NegraSofia Caavedon e todos aqueles que, embora não tenham se manifestado no momento, continuam nos apoiando. Muito obrigada.
Julia Silveira
Em nome da FENATE e do SINTER/RS eu agradeço a acolhida e o apoio dos Vereadores:
Marcio Bins Ely ( Autor do Projeto de Lei), Mauro Zacher, Carlos Todeschini, Airto Ferronato, João Dib, Tarcisio Flexa NegraSofia Caavedon e todos aqueles que, embora não tenham se manifestado no momento, continuam nos apoiando. Muito obrigada.
Julia Silveira